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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Batismo Sem Pecado: O Justo Escândalo do Jordão.




Batismo Sem Pecado: O Justo Escândalo do Jordão.

         Porque é que Jesus, sem ter pecado, passou por um batismo de arrependimento? Um Olhar Exegético eTeológico sobre Mateus 3,11-17

           Arquiteto Mário Cortés. Th.D. Pastor Evangélico. Costa Rica. 

I          Introdução

           O relato do batismo de Jesus no Jordão levanta uma questão fundamental tanto para o leitor devoto como para o teólogo experiente: porque é que o Filho de Deus, sem qualquer pecado, passou por um rito que João Batista descreve como um “batismo de arrependimento”? Como harmonizamos esta ação com a afirmação cristológico de que Jesus era “sem pecado” (Hebreus 4:15)?

           Neste artigo, abordamos o problema a partir do texto grego original, analisamos o significado da expressão “para arrependimento” e exploramos a declaração em Mateus 3:15: “Assim nos convém cumprir toda a justiça”. Este ato, longe de ser um gesto simbólico vazio, representa uma profunda realidade teológica: a perfeita obediência do Messias e a sua identificação redentora com a humanidade caída.

1.º O Batismo de João: Para quê e para quem?

O versículo-chave é Mateus 3:11:

ἐγὼ μὲν βαπτίζω ὑμᾶς ἐν ὕδατι εἰς μετάνοιαν

“Eu, em verdade, batizo-vos com água, para arrependimento.”

A preposição εἰς (eis) indica propósito ou direção. O batismo que João administra não é uma cerimônia social ou uma manifestação exterior sem envolvimento interior: é orientado para o arrependimento, isto é, uma mudança radical de mente e de vida para Deus. João não está a instituir um ritual vazio, mas a preparar o povo para receber o Messias através de uma disposição espiritual adequada (cf. Isaías 40:3).

Neste sentido, o batismo de João não causa arrependimento, mas pressupõe-no e confirma-o publicamente. É o selo visível de uma transformação interna. A exigência era clara: confessem os vossos pecados (Mateus 3:6), abandonem o formalismo religioso e produzam frutos dignos de arrependimento (Mateus 3:8).

2. O Dilema Cristológico: Jesus Sem Pecado

Quando Jesus vem ter com João para ser batizado, o profeta resiste. A reação de João em Mateus 3:14 é lógica e teologicamente correta:

“Preciso de ser batizado por ti, e tu vens a mim?”

O testemunho unânime do Novo Testamento afirma que Jesus nunca pecou (cf. 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 2:22; Hebreus 4:15). Portanto, não tinha de se arrepender ou receber o batismo nesse sentido. A sua presença no Jordão levanta, então, um problema teológico de primeira ordem: como pode ele submeter-se ao mesmo rito reservado aos pecadores confessos?

A resposta de Jesus no versículo 15 resolve o dilema e abre uma profunda janela teológica.

3.º “Cumprindo toda a justiça”: obediência vicária.

Mateus 3:15 oferece a chave hermenêutica:

“Deixemos por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.”

ἄφες ἄρτι· οὕτως γὰρ πρέπον ἐστὶν ἡμῖν πληρῶσαι πᾶσαν δικαιοσύνην

O verbo πληρῶσαι (plērōsai) significa “preencher” ou “cumprir completamente”. E o substantivo δικαιοσύνην (dikaiosýnēn), tão característico em Mateus, não se refere simplesmente à “justiça legal” no sentido forense, mas à completa conformidade com a vontade de Deus. Ou seja, Jesus declara que submeter-se ao batismo faz parte do plano divino de redenção.

Não é batizado por necessidade pessoal, mas por obediência substitutiva. Identifica-se com os pecadores que veio salvar. Assim como na cruz carregou os nossos pecados, no Jordão entra nas fileiras dos culpados, não para confessar, mas para tomar o seu lugar.

4. Uma Teologia da Identificação.

A cena do batismo de Jesus não pode ser separada da estrutura do Antigo Testamento. Duas linhas teológicas principais se cruzam aqui:

a. O Servo de Javé.

Isaías 53:12 diz:

“Ele foi contado com os transgressores.”

No Jordão, Jesus antecipa o seu papel de Servo sofredor: inicia uma trajetória descendente que culminará na cruz. O seu batismo não é um embelezamento narrativo, mas o primeiro passo na sua humilhação (cf. Filipenses 2:6-8).

b. O Novo Israel.

Jesus é também apresentado como o novo Israel. Onde Israel falhou no deserto, Jesus triunfará. O seu batismo (passagem pelas águas) é imediatamente seguido pela sua tentação no deserto (Mateus 4), que recria o padrão de Êxodo 14 a Deuteronômio 8. Ele é o Filho obediente que recapitula e redime a história do povo escolhido.

5. Aplicação e Significado para o Crente.

O batismo de Jesus não se explica pelo que Ele precisava, mas pelo que precisávamos que Ele fizesse. Nesta perspectiva:

• O batismo cristão não é meramente uma profissão pública de fé, mas uma participação na justiça de Cristo (cf. Romanos 6:3-5).

• O Messias identifica-se com os pecadores e leva-os consigo na Sua morte e ressurreição.

• Não se trata de um escândalo teológico, mas de um ato glorioso de graça substitutiva: o inocente entra no caminho do culpado para lhe abrir um novo caminho de obediência.

Conclusão: Um Jordão que Continua a Fluir.

O Jordão não foi simplesmente um cenário para um ato devocional, mas o limiar do Reino. Aí, o ministério público do Filho de Deus começou com um gesto desconcertante para os religiosos, mas profundamente consistente com o caráter do Evangelho: o Justo desceu às águas não porque precisasse de purificação, mas porque veio para purificar os outros.

Ser batizado “para cumprir toda a justiça” significa que Jesus assumiu a nossa humanidade na sua plenitude. Da água à cruz, toda a Sua vida foi um ato de obediência vicária. E nós, ao segui-Lo, não imitamos simplesmente o Seu batismo, mas entramos pela fé na história da Sua justiça.

No Jordão, Aquele que não tinha pecado alinhou-Se com aqueles que tinham pecado.

Na cruz, Aquele que não conheceu pecado foi feito pecado por nós.

Na ressurreição, Aquele que se identificou connosco torna-nos agora participantes da Sua perfeita justiça.

Arquiteto Mário Cortés. Th. D. Pastor Evangélico. Team 300 Gideões. Costa Rica.

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2 comentários:

  1. Doutrina pura. Parabéns pela excelente matéria que nos enviou desde a Costa Rica Pastor Dr. Mário Cortés. Deus abençoe. DP.

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